O setor imobiliário recebeu com otimismo a notícia de que a Caixa Econômica vai alterar as condições de financiamento para imóveis acima de R$ 750 mil. No caso de unidades usadas, o percentual máximo de financiamento passará de 60% para 70%.
Já na compra de imóveis novos, o comprador poderá financiar até 80% do valor, em vez dos atuais 70%. O banco também anunciou o aumento do valor máximo do imóvel para financiamento dentro do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI): de R$ 1,5 milhão para R$ 3 milhões.
Um bom sinal para o mercado e para os consumidores, afirma Rubem Vasconcelos, presidente da Patrimóvel. O setor vem amargando quedas nas vendas: um estudo da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) mostrou que as vendas alcançaram 8.496 unidades em maio, um recuo de 4,1% em relação ao mesmo mês de 2015. No acumulado de 2016, as unidades vendidas somaram 39.472, queda de 14,7% frente ao volume observado no mesmo período do ano anterior.
Ele defende que a economia precisa voltar ao eixo para que as pessoas não tenham medo de investir em imóveis, especialmente pelo forte receio do desemprego.
— O setor chegou ao fundo do poço. Em tanto anos nunca tinha vivido uma situação como esta, que agora começa a dar sinais de recuperação. Para quem pode, acredito que esta seja a última oportunidade para compra de imóvel neste patamar tão baixo — afirma.
Na outra ponta, o presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci-RJ), Manoel da Silveira Maia, também defende que o momento é propício para aqueles que desejam realizar o sonho da casa própria. Porém, ele tem a mesma opinião de Vasconcelos: somente a diminuição do índice de desemprego proporcionará um fôlego maior ao setor imobiliário:
— O aumento do limite de financiamento imobiliário é importante, mas o número de desocupados no país ainda é grande, o que trava o desempenho das vendas — diz.
O mercado de usados também será movimentado pela medida, acredita o diretor da Even Rio, Maurício Belo.
— O aumento da cota de financiamento de usados traz maior liquidez ao mercado secundário, facilitando a venda do imóvel usado, que em muitos casos é necessária para a troca de imóvel ou upgrade.
A Caixa também alterou a portabilidade de crédito imobiliário de 50% para 70%. Para o diretor de marketing da Carvalho Hosken, Henrique Caban, a medida é uma vantagem agregada para facilitar e incentivar bastante o comprador.
— Isso deverá provocar dois movimentos: a entrada de mais gente no mercado e a possibilidade de compra de imóveis mais valiosos sem necessidade de poupança maior — acredita ele.
Rogério Jonas Zylbersztajn, vice-presidente da RJZ Cyrela, acredita que a Caixa passa a dar mais opção de crédito para os clientes que queiram adquirir unidades de obras não financiadas por ela, facilitando assim as condições de pagamento, já que exige um desembolso menor pelo cliente no ato da compra.
— A novidade tende a estimular o consumidor a adquirir bens imóveis tanto para fins de investimento, quanto para moradia — analisa.
Outro movimento importante desta medida é o retorno da concorrência entre os bancos, afirma Bruno Teodoro, diretor da Estrutura Consultoria. De acordo com um levantamento feito pelo jornal Extra, ao elevar os percentuais de financiamento para imóveis de mais de R$ 750 mil, a Caixa igualou os tetos aos já oferecidos por dois bancos privados: Bradesco e Santander. No caso de imóveis novos, o limite ultrapassou o do Itaú, que financia apenas até 75% do valor total do bem.
(Fonte: O Globo)