Índice de mulheres no setor imobiliário vêm ganhando força
Publicado em 22/12/2016

mulher segurando caneta e sorrindo. banner post índice de mulheres no setor imobiliário.

Tradicionalmente ocupado pelos homens, o mercado de corretagem de imóveis vem se tornando paulatinamente mais diverso. Isso acontece nas duas pontas, tanto no atendimento direto aos clientes, como na direção das imobiliárias. Embora não existam pesquisas recentes, dados de mercado apontam que as mulheres já ocupam 48% dos cargos e, em Minas Gerais, esse número deve passar de 30%. O índice de mulheres no setor imobiliário vem ganhando força.

Só os números, porém, não são capazes de tornar a vida das mulheres mais fácil em um país, reconhecidamente, machista. Para a presidente da Câmara do Mercado Imobiliário/Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Cássia Ximenes, o mercado já está maduro para entender que as diferenças acontecem entre profissionais e não entre gêneros, mas, mesmo assim, algumas situações ainda incomodam a maioria das mulheres.

“Claro que o mundo dos negócios ainda é majoritariamente masculino, mas isso vem mudando, mesmo que lentamente. Ainda me assusto vendo que em uma turma de 43 alunos que estudam gestão no ramo imobiliário na Fundação Dom Cabral (FDC), apenas nove sejam mulheres. Um fato corriqueiro, como o corretor convidar o cliente para um café é visto com naturalidade. Mas quando uma corretora faz isso, tem que ser com muito cuidado, para não gerar outras interpretações. Infelizmente ainda enfrentamos o preconceito por sermos mulheres”, explica Cássia Ximenes.

Há 18 anos no comando da Silvio Ximenes, junto com duas irmãs, a empresária assumiu a presidência da CMI/Secovi-MG em março, para o período 2016/2018. Jornalista, ela fez carreira na comunicação social antes de assumir os negócios da empresa fundada pelo pai e, posteriormente, ingressar nas entidades de classe.

“Nasci e cresci respirando o mercado imobiliário. Resolvi experimentar a comunicação e vi que ela é importante dentro de qualquer atividade. Poderia usar esse conhecimento para melhorar a nossa empresa, entendendo melhor o nosso cliente. Depois da CMI percebi novamente a baixa participação das mulheres. Criamos a CMI-Mulher e fomos nos fortalecendo como  grupo. Hoje não há mais motivos para inibição durante as reuniões e ocupamos a presidência”, comemora a empreendedora.

Mudança de rumo – Solange Rettore deixou a psicanálise em um momento de questionamento sobre os rumos da carreira. Uma oportunidade de ajudar o marido a organizar a nova imobiliária fez surgir uma nova paixão e um novo caminho profissional. Compartilhando o comando da Ronaldo Starling Netmóveis, a empresária hoje comanda uma equipe de oito corretores e mais a equipe administrativa.

“Como eu tinha experiência administrativa, fui ajudá-lo. Era para ser temporário, mas fui me encantando pela atividade. Vi que podia aplicar meus conhecimentos treinando os corretores para uma escuta mais cuidadosa, logo, mais produtiva. Podia agregar valor à equipe”, relembra Solange Rettore.

O empoderamento das mulheres dentro da sociedade brasileira como um todo também ajuda a explicar o sucesso das corretoras. Por terem aumentado o poder aquisitivo nas últimas décadas, as mulheres também alcançaram maior poder de decisão na hora da compra ou aluguel do imóvel. E aí a preferência por serem atendidas por outras mulheres começou a aparecer.

“O empoderamento está acontecendo de forma sutil, com as mulheres se colocando no mercado, administrativamente com competência. Observo que muitas corretoras, assim como a nossa, já são comandadas por mulheres”, destaca a administradora.

Já para a vice-presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Minas Gerais (Sindimóveis-MG), Carolina Pereira Machado, as mulheres já ocupam o mesmo patamar que os homens no mercado de trabalho no setor imobiliário, inclusive liderando empresas com equipes predominantemente femininas.

“As corretoras conseguem entender melhor as mulheres – que estão concentrando o poder de decisão – realizando um atendimento mais detalhado e delicado. Além disso, as mulheres buscam mais capacitação. Diante de tudo isso, não acredito mais no preconceito”, afirma Carolina Machado.

(Fonte: Diário Do Comércio)